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Representação política de mulheres no Brasil - mas de quais? Performance legislativa da Bancada Feminina e o recrudescimento conservador

Democracy
Elections
Gender
Institutions
Latin America
Parliaments
Representation
Feminism
MAYRA DA SILVA
Federal University of Rio de Janeiro
MAYRA DA SILVA
Federal University of Rio de Janeiro
Giulia Gouveia
Rural Federal University of Rio de Janeiro

Abstract

O objetivo desta pesquisa é analisar, sob uma metodologia quanti-qualitativa, os projetos de lei que abordam questões referentes ao trabalho de cuidado, de autoria das deputadas federais que integraram a Bancada Feminina da 56ª legislatura (2019-2023). Considerando a função central que o trabalho de cuidado ocupa para a manutenção e a reprodução dos papéis de gênero, este eixo analítico permite compreender qual ideia de mulher é representada pelas parlamentares em suas performances legislativas. Ao final, será possível compreender como a concepção de mulher configura-se na produção legislativa das deputadas federais, e se houve uma disputa ou redução em torno da política de ideias. Isto porque, a partir da redemocratização, a Bancada Feminina passou a atuar de modo apartidário e em diálogo com movimentos feministas, logrando a aprovação de uma série de proposições em prol dos direitos das mulheres (Mattos; Paradis, 2014). Todavia, concomitantemente, crescia uma reação antagônica por grupos que se sentiam ameaçados pela possibilidade de modificação das relações de dominação de gênero, desencadeando um pânico moral (Santos; Payne, 2020). Considerando isso, nossa hipótese é de que a atuação parlamentar da Bancada Feminina tornou-se mais conservadora no âmbito do gênero na medida em que os anos avançaram. Tal processo teria ocorrido como resultado do pânico moral anti-gênero, que intensificou dentro da Bancada Feminina a disputa pela política de ideias, minando a capacidade de articulação entre as deputadas, bem como o diálogo com movimentos feministas. Além disso, considerando a conjuntura da época, caracterizada pelo ápice de um processo de reconfiguração de forças na sociedade civil que deu vazão aos sentimentos e grupos conservadores, resultando na eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República, tal contexto poderia ter desencadeado a seguinte situação: tendo o país se inclinado à direita (Nicolau, 2020), inaugurou-se uma tendência de parlamentares, mesmo progressistas, serem obrigadas/os a girar suas atuações legislativas também para a direita, como estratégia para defender os direitos já conquistados e evitar perder bases eleitorais.