Metodologia Comparativa na Análise de Gênero e o Backlash Neoconservador na América Latina: Abordagens e Contribuições

Este artigo propõe uma investigação sobre a eficácia dos métodos comparativos na compreensão das dinâmicas de gênero e do backlash neoconservador na AL (BIROLI, CAMINOTTI, 2020). Os objetivos centrais são: (1) destacar e justificar a aplicação de métodos comparativos na ciência política para analisar conflitos relacionados a políticas de gênero; (2) apresentar estudos recentes que utilizaram abordagens comparativas para elucidar os processos de backlash na região latino-americana. A argumentação em favor do emprego de métodos comparativos gira em torno das similaridades históricas, geográficas, geopolíticas e econômicas da região, aliadas a processos políticos paralelos, como a Onda Rosa e o ressurgimento da extrema direita (DA SILVA, 2015, 2018) – contextos que proporcionam uma oportunidade única para investigações comparativas. Adicionalmente, as experiências históricas compartilhadas, incluindo períodos de ditadura, contribuem para a complexidade dos cenários de gênero e política na região.A análise comparativa é uma abordagem crucial que envolve a meticulosa seleção de casos, podendo abranger países, regiões, instituições ou partidos políticos, para identificar padrões e relações causais (KOHLI, Atul et al. 1995). Essa abordagem flexível adapta-se à complexidade dos fenômenos políticos, como as disputas relacionadas a gênero, direitos sexuais e reprodutivos, e ataques aos direitos LGBT+, contribuindo significativamente para a pesquisa e desenvolvimento teórico nas ciências políticas.Por meio dessa metodologia, conseguimos compreender o movimento Con Mis Hijos No Te Metas através da lente da Escola sem Partido (DE FRANCO, 2022), mapear as semelhanças entre Milei e a trajetória de Jair Bolsonaro influenciado por Donald Trump, desvendar nuances do Golpe contra Dilma Rousseff por meio do embate sobre gênero no acordo de Paz da Colômbia, e captar as dinâmicas do backlash legislativo contra o casamento homoafetivo na Câmara dos Deputados do Brasil relacionada à resistência ao casamento igualitário no Peru. Ao analisar as dinâmicas de violência, como no assassinato de Marielle Franco, observamos padrões semelhantes de violência política perpetrada contra Berta Cáceres em Honduras. Os avanços nas legislações de aborto por meio das decisões da Suprema Corte em casos no Brasil, Colômbia e México (ZAREMBERG, ALMEIDA, 2023) indicam que a análise comparativa pode impulsionar a criatividade das redes de resistência feministas e LGBT+